A Prefeitura do Rio inaugurou, neste domingo (30/6), o Morar Carioca do Aço, em Santa Cruz, na Zona Oeste. Foram entregues os três primeiros blocos de um total de 44 que estão em construção. As primeiras 16 famílias receberam as chaves e documentos de seus lares, e os outros dois blocos serão entregues mobiliados aos moradores gradativamente nas próximas semanas.
Ao todo, o Morar Carioca do Aço compreende 704 unidades residenciais, que vão beneficiar quatro mil pessoas com as novas moradias. A obra, a cargo da Empresa Municipal de Urbanização, a Rio-Urbe, representa ainda a reurbanização completa e implantação de serviços públicos em uma área de 195 mil metros quadrados na parte mais carente da cidade, a Zona Oeste, onde a população vivia há mais de 50 anos em condições precárias de moradia.
Os investimentos na região foram de aproximadamente R$ 243 milhões, sendo R$ 198 milhões do município e R$ 45 milhões do Governo Federal, via empréstimo já assinado pela Prefeitura com o Banco do Brasil.
Ao lado do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o prefeito do Rio, Eduardo Paes, destacou que o Morar Carioca do Aço é uma reparação histórica. Ele recordou que em 2020 visitou os vagões onde as pessoas da comunidade vivem desde a década de 60 e, na ocasião, prometeu devolver a dignidade aos moradores.
– Fui pela primeira vez aos vagões em 2020 e o meu primeiro sentimento foi de muita vergonha. Aí, decidi que se voltasse à Prefeitura, essa ia ser a primeira obra do meu governo. E aqui estou, três anos e meio depois, entregando as primeiras unidades mobiliadas. E medida que as famílias vão saindo dos vagões, vamos demolindo a favela é construindo novas unidades – disse o prefeito, lembrando que até 2026 está prevista a entrega total dos 704 apartamentos Morar Carioca do Aço.
O presidente Lula elogiou o projeto dos apartamentos, que têm varada e são entregues mobiliados. E lembrou passagens de sua vida.
– Tenho grande prazer em entregar uma casa. Por isso, estou aqui. Temos de acabar com o preconceito de que pessoas mais pobres gostam de coisas ruins, de qualidade inferior. O Eduardo está sempre pedindo dinheiro. E digo: quem quer dinheiro do governo federal não tem de fazer discurso, tem de apresentar projeto. E ele vem sempre com um projeto e a gente sabe que cada real aplicado no Rio é em favor do povo trabalhador da cidade – frisou Lula.
Os apartamentos do Morar Carioca do Aço são compostos por sala, cozinha, banheiro, dois quartos, área de serviço e varanda (média de 50 metros quadrados). Dos 44 prédios, 14 já foram levantados e estão em diferentes fases de acabamento. A previsão é a de entregar 18 prédios até o fim deste ano. Todos eles contam com quatro pavimentos e quatro apartamentos por andar, totalizando 16 unidades por bloco, tendo apartamentos totalmente acessíveis no térreo.
As obras, que começaram em 2023, estão em ritmo acelerado: além das novas moradias, também estão sendo feitas melhorias na Rua São Gomário, que será reurbanizada ao longo de 1,1 mil metros, até o encontro com a Avenida Cesário de Melo. São 70 mil metros quadrados de vias pavimentadas, 2,2 km de ciclovia, 720 novos pontos de iluminação pública, nove quilômetros de rede de esgotamento sanitário e elevatória, 10 quilômetros de redes de abastecimento de água além de um reservatório com 3,3 milhões de litros.
Além de uma área de lazer de 28 mil metros quadrados com praças, parques infantis, quadras, pista de skate, palco, academia carioca, áreas de convivência, jardins, entre outros equipamentos, também serão entregues pela Prefeitura.
Sobre a comunidade do Aço
A Comunidade do Aço em Santa Cruz surgiu há mais de 50 anos, após uma tempestade que atingiu o Rio em 1967. Para abrigar os flagelados, começou-se a construir um conjunto habitacional chamado Vila Paciência nessa região. Com o passar dos anos, outras famílias se juntaram às originais, acomodadas em casas provisórias, apelidadas de casas-vagões, o que viria a estimular o nome que o local acabou ganhando de Favela do Aço.
Ao longo de mais de cinco décadas, a comunidade do Aço ampliou seu número de moradores, que viviam em situação precária. Para atender em definitivo a esta parcela da população, a Prefeitura do Rio planejou as obras do Morar Carioca do Aço e deu início às intervenções na comunidade em 2023.
O primeiro casal a receber as chaves do apartamento, Carmelita e Demerval Gomes de Souza, estavam radiantes com a nova residência. Há 54 anos eles moram no vagão
– Estou muito feliz de morar numa casa que tem tudo: fogão, geladeira, cama, sofá, armário, televisão. Nunca pensei que fosse morar numa casa assim. A antiga era no tijolo, com o teto muito baixo e muito quente. Agora, tem até varanda – disse Carmelina, que desde os 3 anos de idade vivia num vagão.
Sobre o programa Morar Carioca
O Programa Morar Carioca prevê intervenções em 22 comunidades, beneficiando mais de 20 mil moradias e impactando a vida de mais de 80 mil moradores de Áreas de Especial Interesse Social (AEIS) da cidade. O investimento total é de R$ 500 milhões, sendo R$ 450 milhões para obras de urbanização integrada e R$ 50 milhões para ações de regularização fundiária. Os projetos se baseiam em cinco pilares: infraestrutura urbana, conectividade viária, iluminação pública, coleta de lixo e lazer e paisagismo.
Além da Comunidade do Aço, o Morar Carioca já chegou ao morro Chapéu Mangueira, no Leme; em Costa Barros, no Parque Nova Cidade (Acari), na Vila Cruzeiro e Cariri, na Zona Norte; Condomínio das Garças e Caminho Feliz, em Bangu; Santa Maura, na Ladeira da Reunião, em Jacarepaguá; Parque Nobre, no Camorim; Largo do Corrêa, Murundu, Parque Real e Pousada dos Cavalheiros, na Zona Oeste.
A Secretaria de Habitação também vai entregar mais de 40 mil novos títulos de propriedade, no maior investimento em ações de regularização fundiária da história da cidade do Rio.
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