By 1º de junho de 2025, Santos (SP) — Em um jogo que escancarou a fratura entre performance e resultado, Neymar foi expulso de forma bizarra e o Santos Futebol Clube perdeu em casa para o Botafogo de Futebol e Regatas, por 1 a 0, neste domingo, pela 11ª rodada do Campeonato Brasileiro Série A. A partida, disputada na Vila Belmiro, expôs a instabilidade emocional e tática de um time que, apesar de dominar amplamente, foi incapaz de transformar pressão em gols — e, no fim, viu o adversário carioca ser mais eficiente.
A derrota do Santos diante de sua torcida, especialmente com um Neymar descontrolado e expulso após marcar um gol com a mão, soma-se a um roteiro de autossabotagem que tem sido frequente no futebol paulista em 2025. Do outro lado, o Botafogo demonstrou o pragmatismo típico de quem aprendeu com seus fracassos recentes e agora joga para vencer, mesmo que sem brilho.
Domínio santista e pragmatismo alvinegro
Durante todo o primeiro tempo, o Santos pressionou, criou e desperdiçou. Neymar, Barreal e Zé Rafael foram protagonistas de uma sequência de chances perdidas, com finalizações apressadas ou paradas nas boas defesas do goleiro John. O Botafogo, sem a presença criativa de Igor Jesus, assistia o jogo se desenrolar como espectador de luxo. Mas havia método na apatia: a contenção era estratégia.
A fragilidade defensiva do Glorioso foi compensada por uma estrutura que, embora rudimentar, se mostrou funcional. Era a clássica fórmula de sobreviver ao ímpeto inicial do mandante e buscar um golpe fatal no segundo tempo.
Neymar afunda o Santos com gol ilegal e expulsão
A segunda etapa manteve o tom: pressão santista, com destaque para um chute de Guilherme na trave e outra finalização de Barreal salva em cima da linha por David Ricardo. Mas a insistência ofensiva esbarrou num velho conhecido do futebol brasileiro: o descontrole emocional de Neymar.
Aos 32 minutos, o camisa 10 usou o braço para empurrar a bola para o gol — lance imediatamente anulado com auxílio do VAR. A atitude irresponsável rendeu cartão vermelho direto, deixando o Santos com um a menos num momento crucial do jogo. O clima desandou.
Artur sela vitória botafoguense na bacia das almas
Com superioridade numérica, o Botafogo aproveitou a desorganização santista. O técnico Artur Jorge mandou o time ao ataque e foi recompensado com um gol do atacante Artur, que concluiu com precisão após falha coletiva da defesa do Santos.
O placar de 1 a 0 é um retrato cruel para os santistas, mas emblemático da eficiência carioca. Com este resultado, o Botafogo chega a 22 pontos, mantendo-se firme na zona de classificação direta para a Copa Libertadores da América, enquanto o Santos se afunda num limbo de atuações vistosas e derrotas estéreis.
Descontrole como política esportiva
O episódio de Neymar vai muito além do anedótico. Seu retorno ao futebol brasileiro, vendido como o elo entre carisma, genialidade e marketing, se desenha como um fracasso emocional crônico. A reincidência em atos de indisciplina — como o gol de mão e as reclamações desmedidas à arbitragem — mostra um jogador que, aos 33 anos, ainda se comporta como um menino mimado.
A diretoria santista, por sua vez, se apequena ao blindar o astro, tratando-o como um ativo mercadológico acima das regras. Essa cultura do privilégio, que ignora o coletivo em nome do nome estampado nas camisas vendidas, desorganiza qualquer projeto esportivo sério.
Botafogo se prepara para o Mundial
Com a vitória suada na Baixada Santista, o Botafogo agora volta suas atenções para o último compromisso antes de embarcar rumo à Copa do Mundo de Clubes da FIFA. A equipe enfrenta o Ceará, nesta quarta-feira, dia 4 de junho, às 20h, no Estádio Nilton Santos, em duelo atrasado da 10ª rodada.
Com a vaga na competição internacional e uma campanha sólida no Brasileirão, o clube carioca ensaia consolidar um ciclo vitorioso que parecia distante há poucos anos, quando flertava com o rebaixamento e protagonizava escândalos administrativos.
O Carioca já viu esse filme
A atuação do Santos é a síntese do futebol brasileiro quando dominado por narrativas vazias: muito investimento em nomes midiáticos, pouca entrega em campo, e uma política esportiva pautada no imediatismo. O Botafogo, ao contrário, parece ter compreendido que solidez tática, disciplina e foco são mais eficazes que fogos de artifício.
A Vila Belmiro foi palco, neste 1º de junho, de um duelo que escancarou esse contraste. Neymar saiu como símbolo do descontrole santista. Artur, com um gol solitário e certeiro, saiu como herói de um Botafogo que sabe sofrer — e vencer.
