Seja Bem Vindo - 20/11/2024 21:22

Lessa relata que dono de ferro-velho “percebeu” que carro era do caso Marielle

Em delação, o ex-policial militar Ronnie Lessa disse que Orelha “percebeu” a ligação de carro com o assassinato da vereadora carioca Marielle Franco (PSOL).

Dono de um ferro-velho, Orelha foi a quem Lessa, o ex-PM Élcio Queiroz e o ex-bombeiro Suel recorreram para desmanchar o carro envolvido no crime, ocorrido em 14 de março de 2018, segundo o delator.

A delação de Lessa foi prestada à Polícia Federal (PF) em 2023. O sigilo dela foi retirado nesta sexta-feira (7) pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes.

“Ele (Orelha) até percebeu e perguntou: ‘esse carro…’. Eu falei: ‘não, parece por isso que a gente quer jogar fora’ – eu disse para ele –, ‘mas não é’”, relatou Lessa.

“‘É igualzinho esse carro que está dando problema. Some com esse carro, por favor”, pediu Lessa a Orelha, segundo a delação.

Orelha foi preso em fevereiro deste ano no âmbito do caso. Segundo Lessa, o dono de ferro-velho tinha “talento” para o desmanche de veículos.

“Ele é antigo nesse negócio de desmanche de carro. Se quiser fazer um carro evaporar, era dar na mão do Orelha”, afirmou Ronnie Lessa à PF.

O carro foi desmanchado já no dia seguinte ao crime, ocorrido em 14 de março de 2018, segundo Lessa.

Antes de o veículo ser levado a Orelha, a placa do automóvel foi trocada na casa de Élcio Queiroz, o motorista – Lessa foi o executor do assassinato de Marielle e Anderson Gomes.

A placa utilizada no dia do crime foi transformada em “caco”, tendo sido picotada com um “tesourão” e jogada, aos pedaços, no caminho até o ferro-velho de Orelha.

Delação

Na delação, Ronnie Lessa delatou os irmãos Chiquinho e Domingos Brazão como mandantes da morte de Marielle e do motorista Anderson Gomes.

Os irmãos, junto ao delegado da Polícia Civil Rivaldo Barbosa, foram presos preventivamente no final de março no âmbito do caso.

Procurada pela CNN, a defesa do deputado federal Chiquinho Brazão (Sem partido-RJ) declarou que a delação de Lessa “é uma peça de ficção”.

“Basta uma análise honesta do processo para perceber que estamos diante de um grande erro”, complementou em nota a defesa do parlamentar.

A CNN entrou em contato com todos os citados. A defesa de Rivaldo afirmou que Lessa “mentiu deliberadamente” e ainda “recebeu um prêmio antes do final da corrida”.

Ao falar em “prêmio”, a defesa do delegado se refere a Lessa ter recebido autorização para ser transferido para o Complexo Penitenciário de Tremembé, em São Paulo.

Por sua vez, a defesa de Lessa não fez referência ao conteúdo da delação: apenas à transferência de presídio. Os demais citados na delação não retornaram aos contatos da CNN.

* Com informações de Lucas Mendes e Julliana Lopes

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