Rio de Janeiro, 1º de junho de 2025 – O Vasco mergulhou ainda mais na crise ao ser derrotado neste sábado pelo Red Bull Bragantino por 2 a 0, no Estádio de São Januário, no Rio de Janeiro.
Com um gol relâmpago sofrido antes mesmo de a torcida se ajeitar nas arquibancadas, o clube carioca viu evaporar a aura de invencibilidade construída com dificuldade em casa. O tropeço pela 11ª rodada do Campeonato Brasileiro é mais um capítulo amargo no retorno precoce de Fernando Diniz, que reencontra uma equipe à deriva, carente de alma, tática e fôlego.
Gol antes do susto
O torcedor ainda saboreava o último gole de cerveja do lado de fora do estádio quando Guilherme Lopes, substituto de última hora de Pedro Henrique, estufou as redes vascaínas aos 30 segundos do primeiro tempo. A jogada, rápida e simples, escancarou a falta de concentração e preparo de um elenco que ainda parece em pré-temporada – um luxo imperdoável no meio de uma Série A cada vez mais competitiva.
Apesar de tentar reagir, o Vasco encontrou pela frente um Bragantino objetivo e bem postado. O segundo gol veio em seguida, com Eduardo Sasha achando Pitta no espaço entre as linhas vascaínas, que finalizou com classe. Com 2 a 0 no placar, a impressão era de que o jogo havia sido resolvido com um treino de posicionamento e alguns passes verticais.
Apatia generalizada e o fantasma da mediocridade
O que se viu a partir daí foi o retrato de um time sem confiança. O centroavante Pablo Vegetti, outrora símbolo de garra e ídolo instantâneo, esteve irreconhecível. Perdeu chances claras, com destaque para uma cabeçada isolada na pequena área que sintetiza o momento do clube: falta de direção, potência mal canalizada, desesperança crescente.
João Victor ainda teve uma chance clara, obrigando boa defesa do goleiro Cleiton, que espalmou para o travessão. No rebote, o Vasco não teve nem presença de área para aproveitar. O segundo tempo foi uma repetição arrastada de um enredo previsível: domínio territorial estéreo, cruzamentos desconexos e total ausência de repertório ofensivo.
Fernando Diniz e o retorno que já preocupa
A reestreia de Fernando Diniz no comando técnico, após a demissão de Fábio Carille, foi cercada de expectativa. Afinal, o treinador retorna ao clube com o respaldo de um trabalho recente na seleção brasileira e com a promessa de implementar um futebol mais propositivo e organizado. Nada disso foi visto em campo.
A escalação revelou um time sem compactação e com laterais vulneráveis, que não sabiam se apoiavam no ataque ou recuavam para defender. O meio-campo, completamente exposto, foi dominado por um Bragantino pragmático, que soube explorar cada brecha. Fernando Diniz, conhecido por exigir inteligência tática e posse qualificada, terá de suar para resgatar qualquer identidade minimamente coerente deste elenco.
São Januário deixa de ser refúgio
O fator casa, que vinha sendo o único alento no Brasileirão até aqui, ruiu. Esta foi a primeira derrota do Vasco em São Januário em 2025, e ela chega em um momento simbólico: quando o torcedor voltava a acreditar que ao menos o mando de campo poderia garantir os pontos essenciais para uma campanha de sobrevivência.
A queda acende o alerta. A tabela começa a empurrar o Vasco para a parte inferior, e o que parecia uma oscilação circunstancial já assume contornos de crise técnica.
Próximo jogo: Morumbis como termômetro
O próximo confronto será na quinta-feira, dia 6 de junho, contra o São Paulo, no estádio Morumbis, às 21h30. Se o Vasco repetir o nível de atuação deste sábado, a derrota é quase certa. E, com ela, a pressão sobre Diniz tende a aumentar, mesmo em início de trabalho.
Enquanto isso, o Bragantino recebe o Bahia em Bragança Paulista, no mesmo dia, às 19h, consolidando uma campanha consistente e silenciosamente perigosa para os times que sonham com vaga na Libertadores.
Reestruturação ou colapso
O Vasco da Gama precisa mais do que tempo. Precisa de comando, reformulação e cobrança real. A política de contratações erráticas, a instabilidade no comando técnico e a ausência de um projeto esportivo duradouro estão minando qualquer possibilidade de reconstrução.
Se o clube insistir em soluções paliativas e discursos reciclados, repetirá a trajetória dos últimos anos: flertar com o rebaixamento, mudar de técnico, demitir dirigente e buscar no desespero a salvação. Um ciclo vicioso que o torcedor já conhece de cor — e que, neste sábado, ganhou mais um capítulo sombrio.